segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bye 2008 *********** Welcome 2009

[...] Com pequenos mal-entendidos com a realidade construímos as crenças e as esperanças, e vivemos das côdeas a que chamamos bolos, como as crianças pobres que brincam a ser felizes. Mas assim é toda a vida [...] A civilização consiste em dar a qualquer coisa um nome que lhe não compete, e depois sonhar sobre o resultado. E realmente nome falso e o sonho verdadeiro criam uma nova realidade.
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum.
[...] mas como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra.
[...] E vejo que tudo quanto tenho feito, tudo quanto tenho pensado, tudo quanto tenho sido, é uma espécie de engano e de loucura. Maravilho-me do que consegui não ver. Estranho quanto fui e que vejo que afinal não sou.
[...] Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta. [...] Toda a vida é um sonho. Ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que quer, ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas crianças do destino.
Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir – é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.
Nunca amamos alguém. Amamos, tão somente, a idéia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso – em suma, é a nós mesmos – que amamos.Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha.
[...] todo amor temporal não teve para mim outro gosto senão o de lembrar o que perdi.
Trechos do livro do desassossego (Fernando Pessoa)

Em 2009...

Desejo para todos paz, saúde, amigos, sorrisos, sonhos, realizações, carinho, calma, afeto, solidariedade, compaixão, alegria, amor, companheirismo e tudo que é essencial. Com o resto a gente se vira, não é?
(Frase do Leoni)