sexta-feira, 30 de março de 2012

#ficadica

Eu Odeio




"Eu odeio que encostem o cotovelo, a bunda ou uma cerveja molhada em mim enquanto eu tento encontrar um espaço para dançar. Eu odeio que encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado.
(...)Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim com a cabeça, tipo "concordo com o mundo que ela é muito gostosa". E se ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo "hmmmmm delícia" já é algo que ultrapassa os limites do meu ódio.
(...)Odeio mau hálito e mais ainda o fato de que justamente as pessoas podres são aquelas que falam mais baixo e nos obrigam a ter que chegar perto. Eu odeio machismo, submissão e mais do que tudo isso ter que ser forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha última gota desamparada.
(...)Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas, muito suadas e acima de tudo meninas que cheiram a lavandas e gostam de adesivos de ursinho.
(...)Odeio quem comemora porque passou numa faculdade que meu primo de 8 anos passaria e quem diz "peguei a mina".


quinta-feira, 29 de março de 2012

Ciúmes



Ciúme não é só ter medo de perder alguém, é gostar tanto desse alguém a ponto de não aguentar só uma parte da atenção. É o sentimento mais infantil que existe, é meu e eu não empresto pra ninguém. E o que não é, também não empresto. Aliás, o problema maior é justamente esse, separar o que é meu de fato do que eu acho que é. E ter que disfarçar essa loucura de não querer dividir pessoas que nunca me pertenceram. Ciúme na medida é carinho, fora da medida é problema. Não ter ciúmes é ruim, porque gostar é isso, querer sempre, querer inteiro, querer só pra si. E ter ciúmes demais é trágico, porque desgasta relações, sufoca o outro e principalmente você mesmo. Aí você vai e fica sem compromisso com alguém, e gosta, e te faz bem, tá tudo ótimo até você ter o maldito ciúme. Aí já era, não tem mais limites, não tem mais saída. Ter ciúmes é de fato um sinal e te deixa somente duas opções: Ou você se compromete e pode usar o pronome possessivo à vontade, ou você cai fora, porque já se envolveu demais. Não tem como se controlar, mudar, deixar passar. Quando ele chega, ou você sai, ou ficam os três. Porque ficar só você e o ciúme, não só dói, enlouquece.
A verdade é que se alguém gosta de verdade de você, esse alguém só vai arrumar desculpas pra ficar junto, nunca o contrário. Se ele ama mesmo você, ele vai achar graça dos seus defeitos, vai entender suas manias e achar um charme seu temperamento difícil. Porque amar é isso, é se virar do avesso pelo outro, não querer virar o outro do avesso. Demorei pra aprender o valor do amor, e perceber quem gosta mesmo de mim. Demorei pra parar de inventar desculpas pra ausência do outro e começar a me pedir desculpas por me permitir viver com tão pouco. Mas entendi a tempo de parar de gastar meu coração e meus sonhos com quem tampouco merece meu bom dia. Agora eu guardo minha preocupação, meus esforços e meu carinho. Agora eu não remo mais sozinha, muito menos fico em barco parado. Eu pulo em alto mar. Em barco furado ? Eu nem entro. A gente aprende né ? Mais cedo ou mais tarde, aprende. A gente supervaloriza tanto certas pessoas, mas só até a gente entender nosso supervalor. Só se contenta com qualquer companhia, quem não sabe lidar com a própria. Agora são só duas opções: Me faz muito mais feliz ou me deixa em paz. Porque feliz eu já sou, e me roubarem a felicidade, eu não deixo mais.

Sou muitas em somente uma...

Eu chorando vendo filme de romance sou minha esperança de amor sincero e final feliz. Eu rolando na cama até de manhã sou meu medo de perder as pessoas, de me machucar outra vez. Eu mexendo no cabelo sem parar sou minha insegurança enorme de não ser bonita, inteligente e ter um corpo legal. Eu arrumada e maquiada sou minha mulher auto-suficiente adormecida, que espera essas oportunidades pra se libertar. Eu jogada no sofá sou eu livre, sem neuroses, sem peso, sem forçar barra. Eu no bar com os amigos sou uma pausa nas loucuras, meu momento de distração. Eu hoje sou sua, amanhã quem vai saber ? Gosto mesmo é de ser minha, me emprestar quando for seguro, com garantia de devolução sem danos. No fundo queria é que me roubassem, sem manual, sem dor. Sou muitas, sou muito. Sou intensa, mas não peso. É só você saber como levar. Sou verdade, sou de verdade, sou na verdade mais simples do que complicada. Meio paradoxo, mas sou mulher, ser simples e ponto não é da minha natureza. A questão é que sou, mas sou pra poucos também.